Acontece que pelo caminho a gente encontra coisas tão bonitas que não percebemos o esforço, mas uma hora ou outra ele se faz perceber. E isso não significa que as coisas bonitas já não mais sejam vistas, mas que ainda com elas o corpo está pesado, cansado.
"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto." ( Caio F. )
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Das tormentas .
Acontece que pelo caminho a gente encontra coisas tão bonitas que não percebemos o esforço, mas uma hora ou outra ele se faz perceber. E isso não significa que as coisas bonitas já não mais sejam vistas, mas que ainda com elas o corpo está pesado, cansado.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Ou um surfista elegante de sociedade
Se você sentir que está ventando demais e não tiver agradável
O vento que estava tão bom
Então lembre-se de mim
Com minha hipocrisia
Um amor como o nosso está fadado a acabar
E eu já não tenho mais fôlego pra soprar a fogueira
Você parece barata tonta, envenenada por Rodox
E teu barato já tá muito descoordenado
E desse jeito não vai dar
Então se você vir um tarado na escada
Lembre-se de mim
Um vira-lata emocionado
Lembre-se de mim
Lembre-se de nós e a nuven alaranjada
Lembre-se de nosso amor
Com as decisões que tomamos juntos
Das nossas músicas malucas
E esse talento de tomar a cena de assalto
Pagamos o preço, por não sermos medíocres
Lembre-se disso quando for falar mal de mim
Lembre-se da nuven e da luz
Alaranjada no lustre do quarto
( Cazuza )
sábado, 31 de outubro de 2009
Da Confiança .
s.f. Esperança firme em alguém, em alguma coisa: ter confiança no futuro. / Sentimento de segurança, de certeza, tranqüilidade, sossego daquele que confia na probidade de alguém: perder a confiança do chefe. / Segurança: não ter confiança em si. / Crédito: homem de confiança. // Dar confiança, dar importância a alguém, permitir intimidade. // Voto de confiança, no regime parlamentar, aprovação dada à política do governo pela maioria do Parlamento.
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'Perto de ti dança minha alma desarmada.' Essa frase - já posta aqui antes - é o que melhor define confiança para mim. Acho que é exatamente isso: baixar a guarda, deixar de lado o modo absolutamente racional para que o inconsciente tome seu lugar. Algo raro, ainda mais nos dias de hoje.
Mas, a cada vez que nos reencontramos sinto exatamente isso. Minha alma dançando levemente pelo espaço entre nós, livre de qualquer preceito, julgamento e coerência. Parece que, de alguma forma, eu abandono esse mundo para estar durante algum tempo num universo pararelo que só serve para duas pessoas. As regras são apenas nossas e nada disso é aparente para mais alguém. Os que olham de fora talvez nos vejam bobos que não somos.
Sensação rara de familiaridade, casa, aconchego, segurança, paz. Tudo o que me faz querer sempre estar por perto.
Uma razão para que a saudade esteja sempre presente, ainda que apenas dois dias tenham passado desde a última vez.
domingo, 25 de outubro de 2009
Linger ( The Cranberries )
If you, if you could return, don't let it burn, don't let it fade.
I'm sure I'm not being rude, but it's just your attitude,
I swore, I swore I would be true, and honey, so did you.
But I'm in so deep.
Oh, I thought the world of you.
But I'm in so deep.
And I'm in so deep.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Just for you .
Você disse logo que me viu que eu estava diferente, que tinha alguma coisa errada. Algumas pessoas realmente conseguem olhar nos nossos olhos e enxergar para muito além das cores. Ou talvez, consigam mesmo enxergar as cores de verdade. Você fez isso de um jeito tão doce que me deixou mais leve. Por mais que eu não pudesse e não quisesse te contar tudo o que anda acontecendo você soube dizer tudo o que eu venho dizendo a mim nesses últimos dias.
Você respeita meu silêncio como poucos conseguem respeitar. Nem todo mundo sabe que o silêncio não é sempre falta do que dizer, e sim excesso de palavras ainda não ditas. Nó na garganta.
E eu só queria te contar agora que tudo melhorou desde que você passou por aqui, que esses dias foram mais calmos, que eu consegui sorrir mais e me apaixonar pelas coisas de novo. De um jeito mais manso, em doses pequenas.
Cai uma chuva por aqui que não se cansa, ainda ontem ficamos horas no trânsito. Tempo disponível para (não) pensar nas coisas, para ouvir músicas, para trocar palavras.
Gosto assim: chuva, frio, filme, café.
Poderia ter ligado pra te dizer essas coisas, mas sei que mais tarde você liga. E gosto de palavras, cartas, coisas assim, escritas, você sabe.
Meu afeto, muitos beijos.
domingo, 27 de setembro de 2009
Pra dizer adeus
... ainda falta arrumar as malas. e tem sido assim há tempos. e ele não faz idéia, não sabe o que me falta, o que me sobra. não sabe que nesses dias, nessas horas penso que talvez seja melhor sossegar as malas, sossegar as mudanças. não sabe do medo.
... ainda restam alguns comprimidos que fazem a dor de cabeça ser menos cruel. faltam comprimidos para o frio na barriga, o aperto no coração, o nó na garganta.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Para uma avenca partindo .
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Amor e deserto .
Balada de Agosto
Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto
Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado
Tanto orgulho que não meço
O remorso das palavras que não digo
Mesmo na luz não há quem possa se esconder do escuro
Duro caminho o vento a voz da tempestade
No filme ou na novela
É o disfarce que revela o bandido
Meu coração vive cheio de amor e deserto
Perto de ti dança a minha alma desarmada
Nada peço ao sol que brilha
Se o mar é uma armadilha nos teus olhos
( Fagner e Zeca Baleiro )
domingo, 30 de agosto de 2009
Um sonho .
( Caio Fernando Abreu )
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Fluidez .
' A água flui, vai para a frente. Isto também vai passar. Mas não compreendo. Então um lado meu pensa: é sina, é fado, é destino, é maldição. Outro lado pensa: não, é mera neurose, de alguma forma sutil devo construir elaboradamente essa rejeição. Crio a situação, e ouço um não. Desta vez, eu tinha tanta certeza. E penso: os deuses me traíram, os búzios me atraiçoaram, as cartas me mentiram. '
( Caio Fernando Abreu )
domingo, 23 de agosto de 2009
Que seja doce .
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar (...)’
( Marcelo Camelo )
A Despedida.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Mas ...

Lambeu as lágrimas que escorriam,
manchando a língua de tristezas.
Quando o vazio é muito grande,
as lágrimas são transparentes.
... e foi, passou. Não mais palavras, não mais amor. O inevitável acontecia: cada um de nós para um lado, correndo para o futuro, opostos. ‘ Talvez a gente se encontre no infinito ’ lhe disse em silêncio.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Considerações .
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Cúmplice .
Carta Anônima
Para se ler ao som de Melodia Sentimental, de Villa-Lobos cantada por Olívia Byington
Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você - seria, seriam?
Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.
Caio Fernando Abreu
O Estado de S. Paulo, 16/03/88
Pequenas Epifanias
- Caio Fernando Abreu é cúmplice. Leio, leio, leio e me vejo.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Divagando .
Talvez assim seja melhor
Talvez cada um reme pra um lado
Mas os mares que te cercam
Talvez sejam iguais aos meus
E a gente segue em frente ’
( Segue em frente, Junior Lima )
quinta-feira, 30 de julho de 2009
' Eu vi o meu passado passar por mim '

Agora, pra você que acha que eu um dia posso te esquecer, lê bem o que eu escrevi no início do ano passado quando a gente ficou sem se falar durante muito tempo (por minha culpa, tá bem?):
‘[...] E como eu poderia tirar da minha vida assim, sem explicação, alguém que me ensinou uma porção de coisas? Que me viu rir e chorar, que me aturou nos meus dias mais chatos, que me deu o melhor presente da minha vida, que me falou as coisas mais legais e outras que, apesar de não tão legais, eram sinceras? Alguém que desculpou todas as minhas palavras e fatos errados? E que eu amo o suficiente para desculpar também. [...]’
E mais, vou te dizer o primeiro dia em que você apareceu nesse diário adolescente: 08 de Abril de 2005.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Saiba .
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Do Fim .
Dos nossos amores as dores eu não vou contar,
O peito trajado de dores
A boca tragando rancores
E a dúvida nossa era onde chegar. '
( Eu Não Sou Chico Mas Quero Tentar, Fernando Anitelli, O Teatro Mágico )