segunda-feira, 18 de abril de 2011

Do (meu) medo.





Em meio a essa caosmose cá estou à uma hora da manhã de uma segunda-feira ouvindo Incubus e pensando sobre o medo. Penso que a letra da música dispensa maiores explicações, afinal quem nunca se sentiu dessa forma ? 
O medo é algo que me impede de realizar diversas vontades, diversos desejos. Não recordo de nenhum momento em que ele não estivesse presente. Algumas vezes desencadeando uma angústia, outras camuflado, quase imperceptível. Mas quase sempre como algo inquestionável, que não pode ser posto em suspenso. Quase nunca me interrogo a respeito do porquê do meu medo. Quase nunca o reconheço. Há apenas algo que me impede, e eu paro por aí.

Saber reconhecê-lo talvez seja o primeiro passo. A próxima questão é decidir se vou continuar permitindo que ele me conduza, como e quando vou abrir excessões. 


'Would you choose water over wine?
Hold the wheel and drive?'

  


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tempo de fazer planos


'(...) Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito. Tô morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher. Sei lá, menina, tá tudo tão legal — e um legal tão batalhado, um legal merecido, de costas e pernas doendo, mas coração tranqüilo.
(...) A gente sangra e geme — mas sai mais vivo, “com a vida dividida pra lá e pra cá”. O que não queria é que você futuramente talvez me culpasse, entende? Mas acho que é besteira ficar tentando desvendar o futuro — apesar do tarot e do I Ching. Ao mesmo tempo gostaria que tomássemos alguma providência sobre a sua vinda. Mande me dizer o que você pensa de tudo isso mas pense bem, é uma coisa séria — muito mais do que a gente pensa quando está aí. (...) Quero sonhar com você, com o sol e o cometa que vem no fim do ano — eu tô sabendo.' 


 (Trechos da carta de Caio Fernando Abreu para Vera Antoun)
http://caiofabreu.blogspot.com/2010/09/vera-antoun_3384.html


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Perdi as contas de quantas vezes abri a caixa de "nova postagem" e comecei a escrever uma, duas ou três frases; apaguei e deixei pra lá. Não escrevo mais mesmo tanto quanto antes, nem aqui nem em outro lugar qualquer. Mas têm dias em que é impossível fugir, deixar pra depois. Até porque Caio Fernando Abreu sempre ajuda, decifra todos os sentimentos ao pé da letra.
E, bem, tenho estado assim: de coração tranqüilo. Vez ou outra ele dispara e perde o compasso, a barriga esfria e as borboletas fazem a festa.  
É tempo de fazer planos, de desejar todos os dias se mudar pra outro Estado ontem; sentir saudade do que ainda não chegou e do que ainda não passou; de quem ainda não veio e de quem veio mas ainda não foi; de desejar que chova e faça frio; de ótimas leituras; de reencontros que podem durar pra sempre ... E sobre cada uma dessas coisas eu, certamente, ainda terei muito o que escrever - e sentir.

'Smile below each nose and above each chin.'