sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Carta para o amigo que está longe (ou Existe amor em SP)

Noutro dia falávamos sobre saudade, certo? Você basicamente me disse: "lide com o fato d'eu estar longe, faça novos amigos, me substitua." Espero, sinceramente, que isso tenha sido uma brincadeira sua.

Por acaso estava ouvindo aquele texto "Filtro Solar", da cronista Mary Schmich, na voz do Pedro Bial. Uma das partes que mais gosto é quando ele diz: "Entenda que amigos vão e vêm, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade pra diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida. Porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem." De fato, nunca abro mão dos meus poucos, porém ótimos amigos. Andei pensando muito nessas coisas desde que a gente falou sobre saudade. Não sei se já aconteceu com você, mas às vezes sinto como se algumas pessoas me escapassem por entre os dedos... Detesto essa sensação. Felizmente, não é que acontece com relação a você.
 
Fazer novos amigos, tenho certeza de que sou capaz. Tudo bem, amigos de verdade, não tenho tanta certeza. Mas não é algo impossível, ou é ? Agora, substituir você, definitivamente, não vai ser possível. Porque não é qualquer pessoa que me atura mesmo quando nem eu mesma tenho mais paciência comigo; que sai de casa de madrugada pra me fazer companhia porque estou triste; que vai comigo beber num dia entediante; que vai até o shopping só porque quero tomar um café ... Nem todo mundo acha graça nas piadas que faço (tudo bem, muitas não têm graça mesmo); nem todo mundo atura minha TPM ou minha tensão/depressão/bipolaridade permanente; nem todo mundo curte Los Hermanos como eu; gosta de política; me abraça quando eu peço sem pedir explicações; nem todo mundo me ouve; nem todo mundo me entende ...
 
Pois é, meu amigo, se as coisas ficarem muito difíceis coloco um anúncio no jornal e vejo se aparece alguém com todas suas qualidades e todos seus defeitos. Mas, deve ser mais fácil e mais rápido pegar um ônibus ou um avião e ir até São Paulo pra matar a saudade. Ouvi dizer que esse tipo de homicídio é perdoável ...