terça-feira, 30 de abril de 2013

little talks


Era sobre isso que eu queria te falar: sobre essas pequenas conversas que precisamos ter com nós mesmos; com esses seres, muitas vezes desconhecidos, que habitam em nós e às vezes falam mais alto.
Era sobre essa cobrança que a gente se faz de sermos fortes o tempo inteiro. Quer saber? Quando a gente mostra nossas fraquezas pras pessoas "certas" a gente não tem que dar satisfação de nada. Talvez essa seja uma enorme e sutil prova de amor. Quem gosta da gente mesmo aguenta nossos momentos de tristeza porque sabe que não somos perfeitos. O que me leva até aquela frase que te disse: "cê precisa de um colo pra chorar"... Deve ter alguém no mundo que você confie o suficiente pra fazer isso.
Também era sobre essa máscara que você veste todos os dias antes de sair pro trabalho, mas esquece de tirar. Não adianta muito, sabe? Você pode esconder um monte de coisas: suas rugas, suas marcas, essa sua cicatriz no meio das tuas sobrancelhas que você fez quando era adolescente. Mas dá um trabalho tão grande... E, de tão ocupado com esse movimento você perde as coisas boas que vão aparecendo ao seu lado.
Quando a gente pára pra se ouvir melhor começa a, pelo menos, desconfiar dos momentos em que devemos abrir mão dessa máscara.
Te escrevi hoje só pra dizer isso, e que essa sua idéia de fazer análise não vai dar em nada se você não estiver disposto a ter essas conversas consigo; a assumir que, muitas vezes, não entende seus porquês. Continuar nessa eterna labuta em abafar os teus gritos internos não vai levar a nada ...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Carta para o amigo que está longe (ou Existe amor em SP)

Noutro dia falávamos sobre saudade, certo? Você basicamente me disse: "lide com o fato d'eu estar longe, faça novos amigos, me substitua." Espero, sinceramente, que isso tenha sido uma brincadeira sua.

Por acaso estava ouvindo aquele texto "Filtro Solar", da cronista Mary Schmich, na voz do Pedro Bial. Uma das partes que mais gosto é quando ele diz: "Entenda que amigos vão e vêm, mas nunca abra mão de uns poucos e bons. Esforce-se de verdade pra diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida. Porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem." De fato, nunca abro mão dos meus poucos, porém ótimos amigos. Andei pensando muito nessas coisas desde que a gente falou sobre saudade. Não sei se já aconteceu com você, mas às vezes sinto como se algumas pessoas me escapassem por entre os dedos... Detesto essa sensação. Felizmente, não é que acontece com relação a você.
 
Fazer novos amigos, tenho certeza de que sou capaz. Tudo bem, amigos de verdade, não tenho tanta certeza. Mas não é algo impossível, ou é ? Agora, substituir você, definitivamente, não vai ser possível. Porque não é qualquer pessoa que me atura mesmo quando nem eu mesma tenho mais paciência comigo; que sai de casa de madrugada pra me fazer companhia porque estou triste; que vai comigo beber num dia entediante; que vai até o shopping só porque quero tomar um café ... Nem todo mundo acha graça nas piadas que faço (tudo bem, muitas não têm graça mesmo); nem todo mundo atura minha TPM ou minha tensão/depressão/bipolaridade permanente; nem todo mundo curte Los Hermanos como eu; gosta de política; me abraça quando eu peço sem pedir explicações; nem todo mundo me ouve; nem todo mundo me entende ...
 
Pois é, meu amigo, se as coisas ficarem muito difíceis coloco um anúncio no jornal e vejo se aparece alguém com todas suas qualidades e todos seus defeitos. Mas, deve ser mais fácil e mais rápido pegar um ônibus ou um avião e ir até São Paulo pra matar a saudade. Ouvi dizer que esse tipo de homicídio é perdoável ...