segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre meu primo, as nuvens e o Universo ao redor.


Quando era criança eu e meu primo éramos muito próximos. Lembro de assistirmos Cavaleiros do Zodíaco na casa dos meus tios e brincarmos na casa de nossos avós. Eu era fã de tudo o que ele fazia e me sentia orgulhosa de nossas características em comum: covinha na bochecha apenas de um lado e uma forma estranha e errada de segurar lápis e canetas.

O tempo passou, não sei mais o que temos em comum ou não. Nos afastamos aos poucos como acontece comumente em muitas relações. Ele, ao terminar a graduação, foi morar fora do país. Eu, ao iniciar a graduação, fui morar em outra cidade. E por conta destes e de outros fatos ficamos um longo tempo sem muitas notícias um do outro. Até que, depois de anos, nos falamos rapidamente pela internet. Chorei. Ao ver meu primo pelo vídeo foi como se visse um reflexo meu, ou de parte do que eu era naquele momento. Ao mesmo tempo uma série de memórias passou como slides pela minha cabeça. Os finais de semana no Mundo Novo de certo são as lembranças que mais fazem o coração ficar bem pequenininho. Crescemos – pensei – envelhecemos.

Mas, acredito que pelo menos uma pequena parte de nós corresponde àquelas crianças que corriam pela casa dos avós nos finais de semana de muitos anos atrás. Acredito que ele ainda tenha algo daquele menino que dividiu comigo sua descoberta num dia triste de céu claro: “olha, as nuvens andam!”. E acredito que eu ainda seja, em parte, aquela mesma menina que por um instante, dois ou mais olhou para o céu sobre si e percebeu que era verdade. De fato foi a partir daquele momento que eu soube observar melhor as coisas, que eu soube que era preciso calma e paciência, pois meu primo me disse que só seria capaz de perceber se prestasse bastante atenção.

Agora eu sei que, como as nuvens, tudo caminha, tudo anda, tudo é água e por isso flui. Mas é preciso ter calma, pode ser que se mova lentamente e de forma não tão perceptível; é preciso olhar para onde nunca se olhou antes; é preciso parar e observar cuidadosamente o Universo que se move ao redor ...

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